terça-feira, 28 de abril de 2009

As mulheres a politica e as quotas






Ministra da Defesa Espanhola passa em revista as tropas
"Where there's a will there's a way"

Na passada semana tivemos mais uma guerra de alecrim e manjerona a que o PS e PSD já nos habituaram. Ao que parece o PSD estaria a convidar para as suas listas, mulheres que no caso de serem eleitas desistiriam dando lugar aos colegas que têm “jeito” para deputados mas que devido à lei das cotas não podem ficar em lugar elegível nas listas.
O PS pela voz de Edite Estrela exprimiu a sua indignação, sim porque os socialistas andam sempre muito indignados especialmente quando estão na oposição, e as militantes do PSD defensoras da lei das quotas mataram com o silêncio as acusações do Partido Socialista.
Quanto a mais este “fait divers” para desviar as atenções do que na realidade é importante, ocorrem-me três comentários:
Meus caros senhores dirigentes do PSD se não estão de acordo com as leis, não as aprovem só porque é politicamente correcto defender a igualdade de oportunidades entre as mulheres e os homens, neste caso na política. Que raio de mensagem estão a dar ao país, de que as leis são para se tornear? Podemos concluir então que isso de estado de direito é uma treta?
Senhores dirigentes do PS, indignados porque as eleitas não iriam cumprir mandato e iam embora? Mas isso acontece sistematicamente aos homens do Partido Socialista, o Fernando Gomes na câmara do Porto quando veio para ministro o António Costa quando de ministro veio para a câmara de Lisboa, isto só para falar de socialistas, e que eu saiba nunca vi ninguém indignado, talvez o Manuel Alegre mas se estava não o disse.
Por último e correndo o risco de ferir algumas sensibilidades gostaria de dizer que ma minha humilde opinião a lei das quotas ou da paridade (chamem-lhe como quiserem) é a passagem de um atestado de menoridade a qualquer mulher que entre na politica por essa via.
Se as mulheres não quisessem entrar na política pelo facto de terem família e filhos não será nunca uma lei que irá mudar esse estado de coisas. Que eu saiba muitas das deputadas são casadas e têm família portanto havendo vontade tudo se consegue.
Antes de começarem a fazer leis da treta e a gastar o nosso tempo, que lhes estamos a pagar para que resolvam a nossa vida, os senhores políticos deste país deveriam perguntar às mulheres porque razão não querem entrar para a política, esse seria o primeiro passo não acham?




Saudações




O Viajante

domingo, 26 de abril de 2009

A Revolução dos Cravos



Ontem passou mais um ano sobre o 25 de Abril de 74. “A Revolução dos Cravos” como de forma romântica lhe chamaram. Começou num movimento militar e acabou na transformação completa de uma sociedade que ainda hoje, passados trinta e cinco anos, continua a tentar construir o novo quadro de valores.
Antes era tudo mais fácil o país dividia-se em dois grupos: os ricos e os pobres com uma classe média muito pequena constituida por quadros, mais próxima do primeiro grupo, mas que na sua maioria não tinha dinheiro para “mandar cantar um cego”. Casa própria era um luxo quase só acessível apenas ao primeiro grupo e alguns elementos da classe média. Os restantes viviam em casas alugadas que normalmente pertenciam aos membros do primeiro grupo. Férias, quem as tinha, eram passadas em casa ou em casa de familiares e para os que como eu viviam junto ao mar, fazer férias na praia era o máximo.
Ir ao estrangeiro era uma miragem, não só por questões financeiras mas também por questões políticas. Os pedidos de passaporte eram feitos à polícia política que após interrogatório, os emitiam ou não, conforme o que constava do cadastro do requerente. Claro que a partir dos 18 anos de idade os passaportes só eram atribuidos em circunstâncias muito especiais e os seus possuidores para sairem do país tinham que juntar aquele documento uma autorização militar.
Os membros do primeiro grupo punham normalmente os seus filhos a estudar nos liceus que existiam nas três principais cidades e mais tarde a partir de 1965 em algumas capitais de distrito. A formação nestes estabelecimentos permitia o acesso à universidade. Os do outro grupo tinham as escolas técnicas que formavam electricistas, torneiros e serralheiros mecânicos.
A taxa de mortalidade infantil era de quase 50% e apesar da escola ser obrigatória para todos até à quarta classe quase 60% das pessoas eram analfabetas.
A televisão com um canal apenas teve inicio no fim dos anos cinquenta, funcionava durante cerca de 4 horas por dia. Mas se tivermos em conta que o ordenado mais baixo da função pública era mil e quinhentos escudos por mês em 1968 e que os aparelhos já em 1963, custavam seis mil escudos, ficamos com a ideia poucos lares portugueses teriam na sala de estar uma Televisão.
Televisão nas ilhas e nas colónias isso nunca houve.
Depois havia a guerra. Aos 21 anos a nossa vida como que parava e durante quatro anos cumpriamos o serviço militar em zona de guerra. Durante os treze anos que durou perdemos cerca de oito mil soldados e talvez mais de 25 mil tenham regressado com deficiências fisicas.
Eu sei que para os que residiam nas colónias esta mudança não foi uma boa coisa, mas para o resto do país a guerra estava a ser insustentável. As verbas que iriam desenvolver o país eram gastas em despesas militares que em 1965 ascendiam a cerca de catorze mil contos por dia. Por isso tivemos uma auto-estrada que devia ser de Lisboa ao Porto e acabou no carregado, um metro que era para chegar a Odivelas e ficou nos Anjos e uma cidade universitária de Lisboa que só tinha as faculdades, a de direito e a de letras.
Se esta era a situação na capital do império então como seria, como se diz hoje, no Portugal profundo?
As mudanças são sempre favoráveis a uns e desfavoráveis a outros, mas quando alguém aparece na televisão a dizer que dantes era melhor ou que o país não tem segurança, ou que o primeiro ministro é um mau governante, esquece-se que dantes(quando estava tudo bem) a manifestação pública dessa opinião era punida com alguns anos de cadeia e uma vida de constantes problemas até para conseguir arranjar emprego.
De facto só damos valor ao que não temos, para os que nasceram na liberdade ela faz parte da vida respira-se tal como o ar, mas nem sempre foi assim e aindo hoje não é assim em muitos locais

Saudações


O Viajante

A Casa das Tias


Há alguns dias atrás um jornal da Terceira trazia a seguinte notícia: “inaugurada na Praia da Vitória a Casa das Tias”.
Ao que parece esta notícia causou algum “frisson” na linha do Estoril onde várias excursões foram organizadas para assistir a este evento.
Contudo eu gostaria de esclarecer as possíveis visitantes que a “Casa das Tias” a que se refere a notícia não é um local estilo salão de chá, onde se encontram as tais senhoras da linha que terminam todas as frases com “tá a ver”.
Trata-se da casa das tias do escritor Vitorino Nemésio nascido naquela cidade, casa esta imortalizada no seu livro “O mistério do Paço do Milhafre”.



Saudações

O Viajante

quarta-feira, 22 de abril de 2009

"Homo" Sapiens mas pouco



No início desta minha mensagem gostaria de agradecer à Shin Tau a atribuição deste “selo Lemniscata” e as palavras amáveis que usou para me descrever a mim e ao meu blog. Obrigada amiga.
Quanto à questão acerca de nós enquanto espécie eu poderei dizer “sapiens” mas (ainda) pouco.
Acho que somos animais com níveis de racionalidade que numa escala de 0 a 10 variam de quase zero quando nos defendemos, lutamos pela nossa vida ou entramos em pânico, até 7 ou 8 quando fazemos trabalhos mais científicos.
Apesar de toda a evolução, ainda hoje continuamos em muitas situações a reagir com o que ficou inscrito na nossa matriz genética há mais vinte mil anos atrás embora hoje com meios mais poderosos e com resultados por isso mais catastróficos.
O homem não existe porque pensa como gostaria Descartes, mas de facto o homem existe porque sente, como defende brilhantemente Manuel Damásio no seu livro “O Erro de Descartes”.
Sapiens ou quase teremos que manter a humildade, já que representamos apenas alguns segundos no relógio deste nosso planeta.

Saudações

O Viajante

Dia da Terra


Ser terrestre é muito mais que ser habitante deste planeta é sobretudo fazer parte do seu ecossistema. Ter consciência que sem água não vivemos ou que sem oxigénio não respiramos e sobretudo ter consciência dos ciclos naturais, sentirmo-nos não como donos a usufruir de recursos que julgamos inesgotáveis mas como parceiros em simbiose com o planeta. Só assim poderemos evitar rupturas que irão destruir-nos enquanto espécie.
Hoje é “Dia da Terra”é mais um daqueles dias com simbologia ambivalente. Se por um lado é sinónimo da preocupação de alguns, cada vez mais felizmente, com esta nossa casa, por outro lado indica também que a maioria tem que ser lembrada de uma coisa que devia para ser quase biológica, natural portanto e diária.
Saiam por aí abracem as arvores deitem-se na relva ouçam o marulhar das ondas, o chilreio dos pássaros ou a água a correr nos riachos. Poupem a água e a energia, não poluam, reciclem.
Escolham uma medida de protecção ao nosso planeta que possam tomar todos os dias em vossa casa e executem-na, será extremamente importante.

Saudações

O Viajante

quarta-feira, 8 de abril de 2009

Aos pés do Mestre IV

Requisitos para o Caminho

Formas de conduta


"4. Alegria
Deves suportar teu karma com alegria, qualquer que seja ele, considerando uma honra que tal sofrimento se abata sobre ti, porque isso demonstra que os Senhores do Karma pensam que és digno de auxílio. Por mais duro que seja, sê grato por não ser pior. Lembra-te que tens pouca serventia para o Mestre até limpares o teu karma ruím e estejas livre. Mas oferecendo-te a Ele, pediste-lhe que a limpeza teu karma pudesse ser acelerada, e desta forma, agora deves resolver em uma ou duas vidas aquilo que doutro modo poderia se diluído numa centena. Mas a fim de tirar o melhor proveito dele, deves suportá-lo com alegria e com jovialidade.
Um ponto mais. Deves abandonar todo sentimento de posse. O karma pode tirar-te as coisas que mais aprecias - até mesmo as pessoas que mais amas. Mesmo assim deves alegrar-te - pronto para abandonar toda e qualquer coisa. Muitas vezes o Mestre precisa derramar a Sua força sobre outros através de Seu servo; Ele não poderá fazê-lo se o servo cede à depressão. Assim, a alegria deve ser a regra.
5. Unidirencionamento de objectivo
A única coisa que deves colocar diante de ti é fazer a obra do Mestre. Mesmo que outras coisas surjam, no teu caminho nunca esqueças o teu primeiro objectivo. Porém nada mais pode entrar no teu caminho, pois toda ajuda e trabalho altruísta é obra do Mestre, e deves fazê-lo por amor a Ele. E deves dar toda tua atenção a cada coisa que fizeres, para que possas de facto fazê-la da melhor forma. O mesmo Mestre também escreveu: "O que quer que faças, fá-lo de coração, como se fosse para o Senhor, e não para os homens". Pensa como farias algum trabalho se soubesses que o Mestre viria imediatamente vê-lo; é exactamente neste espírito que deves fazer todo o teu trabalho. Aqueles que sabem mais decifrarão tudo o que aquele verso significa. E há outro como aquele, muito mais antigo: "O que quer que tua mão faça, fá-lo com toda tua força".
Unidirecionamento de objetivo significa, ainda, que nada jamais te deve desviar, mesmo por um momento, do Caminho em que entraste. Nenhuma tentação, nenhum prazer mundano, devem jamais te desviar. Pois tu mesmo te unificaste com o Caminho; ele deve de tal maneira ser parte de tua natureza que o sigas sem precisar de pensar nele, e não possas te desviar. Tu, a Mônada, decidiste assim; romper com isso seria romper contigo mesmo.
6. Confiança
Deves confiar no teu Mestre; deves confiar em ti mesmo. Se já viste o Mestre, deves fiar-te n'Ele totalmente, através de muitas vidas e mortes. Se ainda não O viste, deves tentar percebê-Lo, e confiar n'Ele, porque se não o fizeres, nem mesmo Ele te poderá ajudar. A menos que haja uma confiança perfeita, não pode haver um fluxo perfeito de amor e poder.
Deves confiar em ti mesmo. Dizes que te conheces bem? Se achas isso, é porque tu não te conheces; conheces apenas a frágil casca externa, que tantas vezes caiu na ilusão. Mas tu - o verdadeiro tu - és uma centelha do fogo do próprio Deus, e Deus, que é onipotente, está em ti, e por causa disso não há nada que não possas fazer, se o quiseres. Diz a ti mesmo: "O que o homem fez, o homem pode fazer. Sou um homem, e sou também Deus no homem; eu posso fazer tal coisa, e a farei". Pois tua vontade deve ser como o aço de boa têmpera, se vais trilhar o Caminho."

("Aos pés do Mestre" - j. Krishnamurti)

Saudações


O Viajante

segunda-feira, 6 de abril de 2009

"O Triângulo da Vida"



Num dos últimos posts "a segurança começa em nós" falei de algumas medidas a tomar em caso de tremor de terra.
Dei algumas dicas sobre quais seriam os melhores lugares na nossa casa que em caso de desabamento do tecto nos pudessem dar mais hipoteses de sobrevivência.
As técnicas de busca, salvamento e primeiro socorro em caso de catástrofe ou acidente grave são processos dinâmicos que desde 1978, altura em que fiz o meu primero curso, até hoje, têm sofrido alterações de metodologias e procedimentos. Por isso nada está completamnete definido e todos os dias em resultado das experiências no terreno surgem técnicas que podem ser úteis.
Assim vou transcrever alguns conselhos de um especialista de seu nome Doug Coppcom, com muitas horas em locais de catástrofe que apresentou um novo conceito a que ele chamou “O Triângulo da Vida”
Segundo ele quando um prédio cai o peso do tecto cai sobre os objectos e móveis esmagando-os, porém fica sempre um espaço vazio em seu redor. A este espaço chamou “O Triângulo da Vida”. Quanto maior for o objecto mais pesado e mais resistente, menos se compactará e maior será o espaço do “Triângulo da Vida” e maiores serão as hipoteses de sobrevivência da pessoa que se deitou ao lado desse móvel ou objecto.
È muito melhor estar fora de um prédio do que dentro dele, porque quanto mais dentro do perímetro do prédio mais certo será que a sua saida esteja bloqueada, tornando a fuga mais difícil senão impossível.
Contudo se estivermos num edifício de varios pisos temos de ter em atenção que para além da proibição de utilização dos elevadores, que irão ficar parados com o corte de corrente que acontece nos sismos de grande magnitude, acontece outro fenómeno as escadas devido às tecnicas de contrução, têm diferentes “níveis de frequência”, e movem-se de forma diferente do resto do prédio dificultando bastante a evacuação dos moradores.
Assim durante o sismo e se não puder sair da sua casa ou local de trabalho tome em consideração o seguinte:
Não se coloque debaixo das vigas das portas deite-se ao seu lado escolha os cantos da casa
Não se coloque debaixo de objectos ou moveis, deite-se ao lado em posição fetal protegendo a cabeça e a cara com as mãos e os braços.
Se estiver na cama role para o lado e fique entre a cama e a parede na posição fetal protegendo a cabeça e cara com as mãos e os braços.
Se estiver na sala deite-se ao lado do sofá ou de um movel resistente na posição fetal protegendo a cabeça e cara com as mãos e os braços.
Se estiver no exterior e por qualquer razão não puder abandonar o local:
Não se coloque debaixo de viaturas ou paragens de transportes urbanos , deite-se ao lado em posição fetal protegendo a cabeça e a cara com as mãos e os braços
Desloque-se bem encostado à parede ou então a uma distância segura que o proteja da queda de algum elemento da fachada.
São mais alguns conselhos a juntar a outros de que já vos falei e que podem ser a diferença entre a vida e a morte. O trabalho dos que salvam é um trabalho sempre inacabado e vocês não fazem ideia da alegria que é salvar uma vida. Só assim se poderá entender imagens como as que vemos muitas vezes na televisão de equipas e populares a baterem palmas no meio da destruição só porque salvaram mais uma vida.




Saudações




O Viajante

sexta-feira, 3 de abril de 2009

Aos pés do Mestre III

Requisitos para o Caminho

Aspectos de conduta

"1. Autocontrole sobre a Mente
O Requisito de Ausência de Desejo demonstra que o corpo astral e o corpo mental devem ser controlados. Significa o controle do temperamento, de modo que não possas sentir nenhuma raiva ou impaciência; significa o controle da própria mente, de modo que o pensamento possa ser sempre calmo e imperturbado; significa ainda o controle dos nervos (através da mente), de modo que eles sejam o menos irritáveis possível. Esta última parte é difícil, porque quando tentas preparar-te para o Caminho, não podes evitar que teu corpo se torne mais sensível, e por isso os seus nervos são facilmente perturbados por um som ou um choque, e sentem qualquer pressão agudamente; mas deves-te empenhar ao máximo.
A mente calma significa também coragem, para que possas enfrentar sem medo as provas e dificuldades do Caminho; significa também firmeza, para que possas fazer luz sobre os problemas que acometem a tua vida, e evitar assim a incessante preocupação sobre miudezas em que muitas pessoas gastam a maior parte de seu tempo. O Mestre ensina que não importa nada o que acontece a um homem vindo do exterior: tristezas, problemas, doenças, perdas - tudo isso deve ser igual a nada para ele, e ele não deve permitir que afectem a calma de sua mente. Tudo isso é o resultado de suas acções no passado, e quando surgir deves suportá-lo com alegria, lembrando que todo mal é transitório, e que o teu dever é permanecer sempre alegre e sereno. Aquilo tudo pertence às tuas vidas anteriores, e não a esta; não podes alterá-las, portanto é inútil preocupares-te com isso. Pensa antes no que fazes agora, e que criará os eventos de tua próxima vida, pois isso tu podes alterar.
Jamais te abandones à tristeza ou à depressão. A depressão é um erro, pois infecta os outros e torna suas vidas mais difíceis, o que não tens o direito de fazer. Portanto, sempre que ela surgir, descarta-a de imediato.
De qualquer forma deves controlar teu pensamento; não deves deixá-lo vaguear a esmo. O que quer que estejas fazendo, foca ali teu pensamento, para que aquilo possa ser perfeitamente executado; não permitas à tua mente ser indolente, mas mantém sempre bons pensamentos no seu fundo, prontos para passarem à frente quando ela estiver ociosa.
Usa teu poder de pensamento sempre para bons propósitos; sê uma força na direção da evolução. Pensa todos os dias em alguém que tu sabes estar triste, ou sofrendo, ou precisando de ajuda, e derrama teu amor sobre ele.
Resguarda tua mente contra o orgulho, pois o orgulho nasce apenas da ignorância. O homem que não sabe pensa que é grande, que fez esta ou aquela grande coisa; o homem sábio sabe que só Deus é grande, que toda boa obra é feita só por Deus.
2. Autocontrole na Acção
Se teu pensamento é o que deve ser, terás poucos problemas com tua acção. Mas lembra-te que para seres útil à humanidade o pensamento deve resultar em acção. Não deve haver nenhuma preguiça, mas sim uma constante actividade na boa obra. Mas faz apenas o que é o teu dever fazer - e não o de outro homem, a menos que ele te dê permissão e tu o faças no intuito de ajudá-lo. Deixa que cada um faça o seu próprio trabalho à sua maneira; sê sempre expedito em oferecer ajuda onde ela for necessária, mas jamais interfiras. Para muitas pessoas a coisa mais difícil de aprender no mundo é pensar em seus próprios assuntos; mas é exactamente isso que deves fazer.
Porque tentas assumir um trabalho superior não deves esquecer tuas atribuições comuns, pois antes de desempenhá-las não és livre para outro serviço. Não deves assumir mais nenhum dever mundano; mas os que já assumiste, deves cumprir com perfeição - todos os deveres claros e razoáveis que tu mesmo reconheças, e não os deveres imaginários que os outros tentam impor sobre ti. Se hás-de ser do Mestre, deves fazer os trabalhos comuns melhor do que os outros, e não pior; porque deves fazer assim também por amor a Ele.
3. Tolerância
Deves sentir uma perfeita tolerância para com tudo, e um interesse sincero nas crenças das pessoas de outras religiões, assim como nas da tua. Pois sua religião é um caminho para o mais alto, exactamente como a tua. E para ajudar todos, deves entender todos.
Mas a fim de obteres esta perfeita tolerância, primeiro deves livrar-te do fanatismo e da superstição. Deves aprender que nenhuma cerimónia é necessária; senão pensarás em ti mesmo como melhor do que os que não as executam. Também não deves condenar os outros que ainda não fazem cerimónias. Deixa-os fazer como querem; apenas eles não devem interferir contigo que conheces a verdade - eles não devem tentar forçar sobre ti o que já ultrapassaste. Faz concessões em tudo; sê amável sempre.
Agora que teus olhos foram abertos, algumas de tuas velhas crenças, tuas velhas cerimónias, podem-te parecer absurdas, e talvez, de facto, o sejam. Mesmo que já não tomes parte nelas, respeita-as por amor daquelas almas boas para quem elas ainda são importantes. Elas têm o seu lugar, têm sua utilidade; elas são como aquelas linhas duplas que te guiavam a escrever direito, quando eras criança, e até que aprendesses a escrever muito melhor e mais livremente sem elas. Houve um tempo em que precisaste delas; mas agora este tempo já passou.
Um grande Mestre escreveu uma vez: "Quando eu era uma criança, eu falava como criança, entendia como criança, pensava como criança; mas quando me tornei um homem eu deixei de lado as coisas infantis". Porém aquele que esqueceu sua infância e perdeu a simpatia para com as crianças não é o homem que pode ensiná-las ou ajudá-las. Assim, olha para tudo com carinho, gentileza e tolerância; igualmente para todos, Budistas ou Hinduístas, Jainistas ou Judeus, Cristãos ou Muçulmanos."

(Aos pés do mestre - J. Krishnamurti)


Saudações
O Viajante

quarta-feira, 1 de abril de 2009

Aos pés do Mestre II



Requisitos para o Caminho:

Ausência do desejo

"Há muitos para quem o Requisito da Ausência de Desejo é difícil, pois eles sentem que são seus desejos - que se seus desejos peculiares, seus gostos e aversões, forem descartados, não restará nenhum eu. Mas estes são apenas os que ainda não viram o Mestre; na luz de Sua santa Presença todos os desejos morrem, exceto o desejo de ser como Ele. Por isso, antes que tenhas a felicidade de vê-Lo face a face, podes mesmo assim, se quiseres, conseguir a Ausência de Desejos. A Discriminação já te ensinou que as coisas que a maioria dos homens quer, como riqueza e poder, não são dignas de serem adquiridas; quando isso é realmente sentido, e não meramente dito, cessa todo o desejo por elas.
Assim, tudo é bem simples; só é preciso que tu o entendas. Mas há alguns que deixam a busca das coisas da Terra apenas para ganhar o céu, ou obter a libertação pessoal do renascimento; não deves cair neste erro. Se esqueceste completamente do eu, não podes ficar pensando quando este eu será libertado, ou que tipo de céu terá. Lembra que todo o desejo egoísta acorrenta, por mais elevado que seja seu objecto, e até que o tenhas erradicado não serás de todo livre para te devotares à obra do Mestre.
Quando morrerem todos os desejos pessoais, ainda pode restar o desejo de ver o resultado do teu trabalho. Se ajudas alguém, queres ver o quanto o ajudaste; talvez até mesmo queiras que ele também o perceba, e te seja grato. Mas isto ainda é desejo, e também falta de confiança. Quando empregas toda tua força para ajudar, necessariamente deve haver um resultado, podendo tu vê-lo ou não; se conheces a Lei, sabes que deve ser assim. Portanto, deves agir certo e por amor e não na esperança de recompensas; deves trabalhar por amor ao trabalho, e não na esperança de ver o resultado; deves-te entregar ao serviço do mundo porque o amas, e não podes evitar a entrega.
Não acalentes desejo por poderes psíquicos; eles virão quando o Mestre considerar que é melhor para ti que os possuas. Forçá-los cedo demais frequentemente acarreta muitos problemas; muitas vezes seu possuidor é desviado por espíritos da natureza enganadores, ou se torna orgulhoso e passa a imaginar que não comete erros; e em todo caso o tempo e esforço que é preciso despender para obtê-los poderia ser usado no trabalho para os outros. Eles virão no decurso do desenvolvimento - eles devem vir; e se o Mestre vê que seria útil para ti que os tenhas mais cedo, Ele te ensinará como desdobrá-los com segurança. Antes disso, estarás melhor sem eles.
Deves te guardar ainda, contra certos pequenos desejos que são comuns na vida diária. Jamais desejes brilhar, ou parecer inteligente; não tenhas nenhum desejo de falar. É bom falar pouco; melhor ainda é não falar nada, a menos que estejas certíssimo de que o que desejas falar é verdadeiro, amável e será de ajuda. Antes de falar, pensa se o que vais dizer tem estas três qualidades; se não as tem, não o digas.
É bom te acostumares mesmo agora a pensar com cuidado antes de falar; pois quando atingires a Iniciação deves vigiar cada palavra, senão poderás dizer o que não deve ser dito. Muita conversa comum é desnecessária e tola; quando se trata de maledicência, é coisa má. Assim, acostuma-te a ouvir mais do que falar; não ofereças opiniões a menos que tas solicitem directamente. Uma formulação dos Requisitos para o Caminho apresenta-os assim: saber, ousar, querer, e calar; e a última das quatro é a mais difícil de todas."

(Aos pés do mestre - J. Krishnamurti)

Saudações

O Viajante