sábado, 7 de março de 2009

A solidariedade dos vizinhos




Existem pessoas que têm as Sílfides todos os dias a inspirá-las para que elas produzam textos que nos orientem e sensibilizem eu não tenho. A minha inspiração vem sobretudo daquilo que leio aqui na “blogosfera” e do que me acontece durante os meus dias. Ao fim de alguns dias de silêncio fui até ao jardim e num canteiro florido descobri que era importante voltarmos a estar disponíveis para os outros especialmente quando eles precisam de nós e sobretudo tomarmos consciência que os outros também fazem parte do nosso Caminho.
Nasci e passei a minha infância e juventude numa terra pequena onde os vizinhos tinham nome. Os mais idosos ou que viviam com dificuldades eram apoiados pelos seus vizinhos que quase se juntavam em comissão, revesando-se nas visitas nos apoios e sobretudo naquela vigilância activa que não poucas vezes salvou a vida de uma idosa que caiu e esteve durante horas sem se conseguir levantar, ou outra que devido a um descuido pegou fogo à sua cozinha.
Então tens visto a senhora Maria? Não foi comprar o pão estará doente?Era conversa frequente. Viviamos num país onde poucos tinham reformas, a segurança social não existia e até a saúde estava entregue às Misericordias como era o caso na minha terra cujo hospital pertenceu a essa instituição até ao 25 de Abril.
Mesmo em cidades como Lisboa nos Bairros mais populares como Campo de Ourique na Bica ou na Mouraria a solidariedade dos vizinhos era um facto como tive portunidade de verificar no tempo que vivi em Campo de Ourique
Hoje, embora reduzidas temos reformas, temos segurança social e serviço nacional de saúde. Com tudo isto criámos uma parede na nossa consciência. Quando alguém pede na rua pensamos, o governo devia resolver isto. Se alguém está aflito pensamos porque não vai pedir ajuda à segurança social? Ou seja com os impostos que pagamos libertámos a nossa consciência do dever de ajuda ao próximo.
Nas grandes cidades então é angustiante é uma solidão ainda mais difícil, mais profunda, porque “é um estar sozinho no meio da gente”. Podemos viver meses num prédio que só conhecemos o vizinho do lado na reunião de condomínio.
De facto temos de voltar à solidariedade orgânica áquela que nos faz sentir como parte de uma comunidade, mas para isso temos de acabar com o culto do individualismo, do salve-se quem puder , com as cidades dormitórios e destruir aquela parede que existe não só no nosso espírito mas sobretudo no nosso coração, criada pelo estado social e que não pode servir de desculpa para não amarmos os outros como a nós mesmos.




Saudações




O Vajante