terça-feira, 31 de março de 2009

Aos Pés do Mestre


Requisitos para o Caminho:

Discriminação

"Não deve ser difícil escolher entre o certo e o errado, pois os que desejam seguir o Mestre já decidiram assumir o certo a todo custo. Mas o corpo e o homem são duas coisas diferentes, e a vontade do homem nem sempre é a vontade do corpo. Quando teu corpo quer alguma coisa, pára e pensa se realmente és tu quem a quer. Pois tu és Deus, e tu queres apenas o que Deus quer; mas deves mergulhar fundo dentro de ti mesmo para encontrar o Deus interior, e ouvir Sua voz, que é a tua voz. Não tomes teus corpos como se fossem tu mesmo - nem o corpo físico, nem o astral, nem o mental. Cada um deles pretenderá ser o Eu, a fim de obter o que quer. Mas tu deves conhecê-los todos, e saber-te mestre de todos eles.
Quando há trabalho a ser feito, o corpo físico quer descansar, sair para caminhar, comer e beber; e o homem que não sabe diz a si mesmo: "Quero fazer estas coisas, e devo fazê-las". Mas o homem que sabe diz: "Este que deseja não é eu, e deve esperar um pouco". Muitas vezes, quando há oportunidade de ajudar alguém, o corpo sente: "Será muito incômodo para mim; que outro o faça". Mas o homem responde ao seu corpo: "Tu não vais me impedir de fazer uma boa obra".
O corpo é teu animal - o cavalo em que montas. Portanto, deves tratá-lo bem, e cuidar bem dele; não deves extenuá-lo, deves alimentá-lo adequadamente, apenas com comida e bebida puras, e mantê-lo sempre meticulosamente limpo, livre até mesmo da mais diminuta partícula de sujidade. Pois sem um corpo perfeitamente limpo e saudável não podes fazer o árduo trabalho de preparação, não podes suportar sua tensão contínua. Mas deve ser sempre tu quem controle o corpo, e não que ele te controle.
O corpo astral tem os seus desejos - dúzias deles; ele quer que sintas fome, digas palavras ásperas, sintas ciúme, ambiciones dinheiro, invejes as posses alheias, cedas à depressão. Ele quer todas estas coisas, e muitas outras, não porque deseje prejudicar-te, mas porque aprecia vibrações violentas, e aprecia variá-las constantemente. Mas tu não queres nenhuma destas coisas, e portanto deves discriminar entre as tuas vontades e as do teu corpo.
Teu corpo mental quer pensar em si mesmo como orgulhosamente separado, quer pensar muito em si mesmo e pouco nos outros. Mesmo quando tiveres te retirado das coisas do mundo, ele ainda tenta calcular para si mesmo, fazendo-te pensar em teu próprio progresso, em vez de pensares na obra do Mestre e na ajuda aos outros. Quando meditares, ele tentará fazer com que penses nas muitas coisas que ele quer, em vez de na única coisa que tu queres. Tu não és esta mente, mas ela é tua para teu uso; assim, novamente é necessária a discriminação. Deves vigiar sem trégua, ou falharás."

(Aos Pés do Mestre) J. Krishnamurti

Saudações

O Viajante