segunda-feira, 27 de outubro de 2008

Os autarcas e as infra-estruturas


Como dizia Mário Soares cada país tem os políticos que merece. Se essa máxima é válida para um país mais válida é ainda para uma autarquia.
Os nossos autarcas sabem que os cidadãos os vão avaliar nas urnas pela obra feita mas nem toda a obra vale os mesmo votos.
Reparar arruamentos, arranjar jardins, criar zonas de laser, construir equipamentos culturais e desportivos, apoiar instituições, festas e outros eventos populares são as acções autárquicas que maiores dividendos obtêm no acto eleitoral.
Talvez seja por isso que os responsáveis da administração local têm tão pouco interesse em investir nas infra-estruturas, nomeadamente na distribuição de água e nos sistemas de esgotos.
Em muitos municípios quando os responsáveis resolveram investir por exemplo numa barragem que iria garantir água durante todo ano, ou montar uma estação de tratamento de esgotos que iriam proteger o ambiente, não foram reeleitos para o mandato seguinte.
De facto a construção deste tipo de infra-estruturas altera a rotina das populações, corta estradas, abre buracos e então se for no inverno com a chuva é o caos total.
Depois de todas estas chatices, tudo o que foi feito fica escondido debaixo do chão e os autarcas deixaram de ter dinheiro para todas aquelas obras que de facto dão votos.
Quanto aos cidadãos já se esqueceram dos meses de verão com dias seguidos sem água ou da fossa no quintal com o seu cheiro característico só se lembram dos problemas das obras e do pavimento da sua rua que não foi reparado, do jardim do largo votado ao abandono, ou ainda de não ter havido verba para a costumeira festa do S. Martinho.
Daí que autarca que se queira manter não pode ter esta atitude suicidária e estará sempre à espera que antes dele surja um tolo idealista qualquer que se preocupe de facto com as pessoas, que veja para além dos quatro anos e que deixe um legado, que ele irá usufruir e utilizar a seu favor.
Como dizia Churchil a democracia é um mau sistema mas dos maus é o menos mau. Contudo eu acho que o problema não reside no sistema mas nos objectivos dos seus agentes. Se a ideia fosse servir esta questão das obras e dos votos nunca se colocaria.

Saudações

O Viajante