segunda-feira, 12 de janeiro de 2009

Tão longe e no entanto tão perto


A imagem que hoje temos da Maçonaria não a aproxima de uma ordem monastica como os Beneditinos.
Daí que uma colega bloguer tenha ficado muito intrigada quando leu um livro chamado “O monge e o venerável” que fala da relação entre dois homens um beneditino e outro maçon e verificou que partilhavam as mesmas ideias sobretudo na defesa de segredos esotéricos.
O carácter sagrado do trabalho e da ciência, sempre caracterizou os povos da antiguidade. Egípcios, Sumérios, Caldeus e Assírios sempre atribuíram a função de defesa dos segredos e ensino dos diferentes ramos do conhecimento humano aos sacerdotes. A arquitectura não foi excepção, a função sagrada de arquitecto construtor era exercida pelos sacerdotes, como por exemplo Imhotep, sacerdote do Deus Amon, que construiu a primeira pirâmide em Sakkarah.
Com a expansão da cultura grega e mais tarde da romana os “iniciados” embora ligados aos templos criaram organizações de artesãos que fizeram surgir em Roma os “Colégios de Artesãos ”.

Construíram palácios e templos por todo o império como é o caso do templo de Diana em Évora e constituíram a pré-história da Maçonaria.
Já em plena Idade Média, antes de aparecer a Maçonaria Operativa ou Maçonaria de Ofício, quando começaram a ser construídos muitos conventos, igrejas, catedrais e palácios, foram importantes as Associações Monásticas, principalmente constituídas pelos Beneditinos e Cistercences, experientes projectistas e geómetras, que dominaram os segredos da construção por muito tempo. Mas com a procura cada vez maior de construções e serviços secundários foram obrigados a contratar profissionais leigos. Foram estes profissionais que posteriormente criaram Confrarias Leigas entre as quais a Franco-Maçonaria que era constituída por pedreiros-livres ou “franco-maçons” e que influenciaram directamente a Maçonaria actual.
Com a crise das grandes obras, no fim da Idade Média e o declínio das confrarias, a franco-maçonaria começou a aceitar profissionais de outras áreas, mantendo o carácter mutualista mas tomando agora uma orientação de intervenção social e política, que levou a que fosse perseguida quer pelos poderes constituídos quer pela inquisição e se transformasse numa sociedade secreta. Em 1798 quando a população de Paris se revoltou tomando a Bastilha os membros desta organização tiveram um papel importante neste processo. A sua atitude anti-clerical e agnóstica e as suas ideias democráticas, progressistas e republicanas afastaram-nos das monarquias conservadoras e da igreja.
Apesar deste novo formato a Maçonaria nunca perdeu de vista as suas origens religiosas. Os seus membros organizam-se ainda hoje em lojas e reúnem-se em templos. Acreditam num Ente Superior, a quem chamam Grande Arquitecto do Universo, e mantêm inalterado o ritual de admissão(iniciação) que remonta aos Colégios Romanos. Cada loja Maçónica é presidida por um irmão que é designado por Venerável Mestre, nome que era dado aos abades dos conventos e mosteiros no início da Idade Média.
Esta organização mantêm ainda o seu ecletismo e o respeito que os Irmãos nutrem entre si, quer como fraternos, quer em relação ás suas ideias, respeitando assim o princípio de que, mesmo não concordando com elas, devem ser ouvidas e discutidas.

Saudações

O Viajante