quinta-feira, 19 de março de 2009

Calem-me esse ruído




Mais um dia de trabalho que acabava. Tinha sido um dia complicado com muitas solicitações e aquela pequena dor de cabeça não tinha ajudado muito. Tinha tomado um analgésico mas ela continuou imperturbável sem que nada a fizesse demover. Enquanto estes pensamentos a assaltavam num gesto mecânico desligou o seu computador e talvez porque o seu cérebro estivesse estimulado pela dor, pela primeira vez ouviu o silêncio, e apercebeu-se quão barulhenta era a pequena ventoinha do seu computador.
O ruído de facto afecta o aparelho auditivo mas também o sistema nervoso central. Ruídos intensos e permanentes podem causar vários distúrbios, alterando significativamente o humor e a capacidade de concentração nas tarefas que pretendemos realizar, interfere com o metabolismo de todo o organismo com riscos de distúrbios cardiovasculares e pode afectar o nosso ouvido causando surdez.
Até agora as preocupações dos especialistas em saúde do trabalho, estiveram orientadas para esse tipo de som alto (acima dos 500Hz). Para obstar a essa situação foram criados equipamentos de protecção da audição, para quem tem de trabalhar em ambientes de elevado ruído.
Mas o problema da Maria era outro, o causador da sua dor de cabeça era um som baixo que foi martelando o seu cérebro devagarinho ao longo de várias horas e a dor de cabeça foi o resultado disso.
A Maria não sabia mas tinha estabelecido contacto com um dos primeiros sinais da doença que resulta da exposição prolongada aos ruídos de baixa frequência, a Doença Vibro-Acustica (DVA).
Estudos realizados recentemente dizem-nos que existem sérias razões para nos preocuparmos com estes ruídos de baixa frequência (abaixo dos 500 hertz). Apesar do ouvido notar a maior parte dos ruídos com frequências abaixo daquele intervalo, são sons que não parecem incomodar-nos por aí além. Mas todo o nosso corpo parece reagir à agressão provocada pela exposição prolongada, provocando alterações celulares importantes, podendo inclusive desencadear alguns tipos de cancro.
Auto estradas, instalações fabris, os transportes públicos, os nossos automoveis, ou em casa, os frigoríficos, desumidificadores, computadores ou até lâmpadas florescentes são fontes de produção de ruídos de baixa frequência.
Ao contrário dos ruídos de alta frequência que se reduzem se colocarmos uma antepara ou se aumentarmos a distância à fonte, os ruídos de baixa frequência mantêm-se nas duas situações.
Dizem os especialistas que o mais eficaz será reduzir ou até eliminar o ruído pelo isolamento da fonte o que por vezes é caro ou tecnicamente muito complicado. Para já a nossa preocupação deve passar por diminuirmos os tempos de exposição a este tipo de ruídos.


Saudações

O Viajante