terça-feira, 18 de novembro de 2008

A Teoria da Conspiração


No outro dia assisti à recepção da senhora ministra da educação numa escola do norte e pensei: que desperdício, com a crise económica em que vivemos e os miúdos atiram ovos à ministra.
Contudo mais tarde estive a pensar que esta atitude dos nossos governantes de, apesar das manifestações de protesto, continuarem a manter as políticas que idealizaram para resolver os problemas do país, tem talvez uma razão mais profunda, que inicialmente não me tinha ocorrido.
O nosso primeiro deve ter engendrado uma fórmula para matar dois coelhos duma “cajadada”, continuando por um lado a levar a cabo as suas reformas e por outro a lutar também contra a crise. O apoio à indústria poderia ser problemático porque praticamente nada produz para o mercado nacional. Apoiar o comércio seriam na maioria lojas chinesas e os produtos poderiam ter alguns químicos que fizessem mal à saúde. Resolveu virar-se para a agricultura e então pensou em ajudar primeiro os avicultores que estiveram em crise por causa da "gripe das aves" e como era chato a ministra ser atacada a frango, os jovens estudantes, induzidos através de mensagens misteriosas de telemóvel, compraram ovos e fartaram-se de “ovoacionar” a ministra. Tanto quanto pude apurar os produtores de tomates já se perfilam para serem os próximos beneficiados numa das visitas do ministro Pinho às minas de Aljustrel, depois das negociações falharem.
Claro que os produtores de melões já protestaram porque a sua fruta não será com certeza incluída neste quadro de apoio extraordinário à agricultura, na luta contra a crise.
Saudações
O Viajante

2 comentários:

Marisa Borges disse...

Caro Viajante,

mais uma vez em sintonia. Passo a explicar: quando li o seu texto sobre o ser dual e em particular quando fala da agressividade do homem que quer impor o seu projecto, lembrei-me deste exemplo.
Afinal, como pode uma dúzia de ovos ter mais impacto do que 120 MIL eleitores a manifestarem-se? Parece-me que a Milú é indiferente à "Revolução dos Cravos" (pacífica) mas já não o é para a "Revolução dos Ovos" (violenta). O que fazer numa situação destas? (se neste comentário notar alguma dor, é natural, sou professora e humana! risos)
Politicamente vivemos momentos conturbados, onde me parece que os valores e as ideologias foram virados de pernas para o ar, e por muito que me custe, terei de dar razão a Manuela Ferreira Leite, fizemos uma pausa na Democracia, mas não foi só durante 6 meses!
E no fim a pergunta: será que vamos, nós portugueses, aprender algo com isto? Ou nas próximas eleições vamos novamente votar maioria absoluta, mas desta vez no outro partido concorrente? Ou será desta que conseguiremos a abstenção total?

Mais um tema que dá pano para mangas!

Viajante disse...

Cara Shin Tau

Eu sabia que era peofessora e quero que saiba que sou solidário com a sua dor.
Sabe o executivo aproveitou um dos nossos maiores defeitos para dividir e depois reinar.
Em qualquer pais nordico ou anglo-saxonico o pensamento é "se tu tens eu tambem tenho de ter". Em Portugal é "se eu não tenho tu tambem não podes ter".
Vai daí foi um desatar a atacar os alegados "privilégios" dos funcionarios publicos, dos professores, dos militares, numa febre igualitarista de nivelar todos mas por baixo, um grupo de cada vez com o apaluso dos restantes, talvez convencidos que isto era só para os outros.
Pois quanto às ideologias lamento informá-la mas isso foram coisas do século passado hoje temos o pragmatismo. Claro que pessoas como o Manuel Alegre são uma especie em vias de extinção
Mas tal como aconteceu com a reforma da súde penso que também vocês poderão fazer recuar a "Milu" ou então atirem-lhe ovos até ela ceder

Saudações

O Viajante