domingo, 2 de novembro de 2008

Arte o alfa e o omega


Segundo a minha colega Teresa, especialista na área, uma das caracteristicas da arte é desafiar os limites, desmontar fronteiras ou seja à arte tudo é permitido pôr em causa.
Existem contudo duas questões que me preocupam:
Quem define o que é arte e quem define quem é artista?
Serão por acaso os críticos de arte ou a rede comercial constituida pelas galerias que publicitam os autores e vendem as obras que definem o que é arte e quem é artista?
Se um critico bem conceituado fizer uma critica positiva a uma determinada obra é uma caminho garantido para que o autor possa ter sucesso.
Se determinada galeria patrocinar uma exposição de obras de um autor isso leva ao seu reconhecimento publico e à entrada no circuito comercial.
Será o público? Se for o público que número de pessoas será relevante para atribuir esse estatuto?
Arrisco portanto a dizer que artista não é o que pinta ou esculpe bem mas o que é reconhecido e para isso existem todo um conjunto de esquemas de marketing que vão de alguma forma influênciar o juizo de valor que as pessoas fazem dele.
Nero para se inspirar na composição das suas canções largou fogo a Roma, considerava-se um artista. Hitler apreciador de arte, que “adquiriu” por toda a Europa, tinha ambições de transformar Berlim numa cidade diferente, destruiu bairros inteiros mudou milhares de pessoas para construir a capital à sua imagem , não sei se se considerava um artista mas com certeza que os críticos de arte alemães da época o consideravam .
Á tempos numa galeria houve um “artista” que manteve um cão preso até morrer à fome, parece que era uma obra de arte.
Assim o estatuto de artista atribuido por não sei quem e talvez nem sempre pelas razões correctas colocam nas mãos de um homem um poder que nem os ditadores mais empernidos têm, com a agravante de que aparentemente não tem de responder por ele.
Eu sei que porque criam gostariam de ser deuses mas não passam de reflexos da centelha divina que existe em todos nós. Humildade para reconhecer que o seu dom criativo é ao mesmo tempo algo de maravilhoso mas tambem uma missão e temperar isso com bom senso, será a receita ideal para deixar de por em causa tudo apenas pelo prazer de derrubar, porque nem tudo o que é novo se constroi sobre as ruinas do que é antigo.
Saudações

2 comentários:

Marisa Borges disse...

Artigo muito interessante, aliás, como sempre.
O Poder de facto é sempre algo dúbio, a experiência diz-nos que a maioria se deixa corromper, mas também há os bons exemplos, aqueles que de uma forma ou de outra seguiram a sua receita, que lhe digo, é bastante sensata e simples.
Quanto ao artista e à arte, parece-me que não é difícil de compreender que são os outros que ditam as regras, pois a Arte é para ser apreciada pelos outros, é algo para ser visto e se ninguém gostar, não é arte. A arte é ditada pelas modas e, como bem diz, Hitler deve ter sido considerado artista pelos seus contemporâneos, pois nessa altura aquilo seria arte. Os tempos mudam e com ele os conceitos sociais de arte, de aceitável, de moral e até mesmo de amor. Contudo, haverá sempre aqueles que compreendem que estes conceitos não são temporais, nem ditados pelas maiorias, mas sim forças que nos regem de um plano superior, forças pelas quais devemos guiar as nossas acções.
Para mim a Arte tem de mostrar a alma do artista, o que sente, pensa, vive, seja de que forma for, pois ela apenas é uma forma de expressão. Depois, podemos ou não gostar do que vemos, mas não deve ser o nosso gosto pessoal que define se é ou não Arte, a tal humildade também se aplica a quem observa e não só a quem cria.

Obrigada pela reflexão!

Marisa Borges disse...

Enconterei esta citação de Fernando Pessoa e automaticamente me lembrei deste seu post, achei pertinente, por isso aqui fica.

"Porque a arte dá-nos, não a vida com beleza, que, porque é a vida, passa, mas a beleza com vida, que, como é beleza, não pode perecer"

Luz e Conhecimento