terça-feira, 28 de outubro de 2008

A mágica das rupturas sociais.


As rupturas sociais são situações dramáticas que acontecem na ordem social dos grupos humanos, que de uma forma radical colocam em causa o “status quo”, criando novos quadros de valores e definindo novas formas de relacionamento.
Apesar dos problemas sociais que provocam, estas mudanças bruscas têm algo de mágico já que fazem desaparecer umas coisas e surgir outras.
Quando a Alemanha se rendeu no fim da segunda guerra os nazis tinha desaparecido todos só existiam anti-nazis. Em Itália com a morte de Mussolini dum momento para o outro o país ficou sem fascistas. Em Portugal no dia 26 de Abril de 74 surgiram quase 10 milhões de democratas.
Com a crise financeira então a mágica tem sido mais apurada. Os lucros fabulosos das instituições financeiras como que por encanto desapareceram, com eles foram os neo-liberais. Os responsáveis dos governos passaram todos a intervencionistas e por último os bancos já não têm accionistas só clientes.
Como diz o povo: “cantam bem mas não me alegram”. Quem ouviu a conversa dos gestores dos principais bancos nacionais no último “Prós e contras”, até parecia que estávamos a falar de organizações de solidariedade social. Lá foram os senhores administradores, ainda com os mesmos ordenados milionários de antes da crise, dizendo que os bancos estavam bem, que o aval do estado era apenas uma segurança para as transacções com os outros bancos, mas que em principio talvez não fosse necessária a utilização daquela garantia. Passadas duas semanas alguns desses senhores já colocam a hipótese de utilizar até 90% da garantia dada pelo estado português.
Será que os bancos vão pagar pela utilização do aval do estado o mesmo que eu enquanto cidadão pago por uma garantia bancária?
Depois vieram com a conversa dos depositantes, dos clientes num “mamar doce” que na prática se traduz em perfeitas “mafiosisses” para extorquir o máximo.
Como a que aconteceu com um colega meu que estava a construir um edifício e como não conseguiu utilizar todo o capital que tinha solicitado dentro do período estipulado, foi ao “seu” banco, e quando digo seu estou a falar do banco onde sempre foi cliente, onde tem os seus depósitos, através do qual tem feito os seus negócios, e solicitou uma prorrogação. Qual não foi o seu espanto quando reparou que a autorização vinha com um aumento de “spred” de 100%. Como tinha capital prontificou-se de imediato a pagar a parte já utilizada e a finalizar ali o contrato de financiamento o que fez recuar os responsáveis do banco.
Isto aconteceu com alguém com capacidades de reagir se fosse outra pessoa sem capital próprio teria de continuar o empréstimo, ou não concluía a obra, mesmo com o “spred” 100% mais caro.
São estes senhores que têm duas horas e meia de tempo de antena em horário nobre na televisão que todos nós pagamos, têm um aval do estado com o nosso dinheiro para aumentarem os seus lucros ao passo que o comum dos cidadãos que nem dinheiro tem para pagar a casa, não têm voz nem aval.


Saudações

O Viajante

1 comentário:

Navegar é preciso.. disse...

Olá Viajante!
Sempre passo por aqui para ver as suas postagens. Parabéns por sua
lucidez em um mundo tão alienado.
Onde está o povo que não sai as ruas para protestar contra os empréstimos feitos pelos governos aos bancos? Bancos que não querem dividir os seus lucros somente seus prejuízos. Quantas pessoas estão falidas com os juros abusivos cobrados por estes bancos? Quem as vai socorrer?